Porquê não devemos aparar os bigodes de cães e gatos



Barba,bigode e cílios são Pêlos Tacteis também chamados cientificamente de Vibrissas

Os pêlos tácteis (vibrissa) são verdadeiros órgãos e tão longos que alcançam o músculo subjacente.As paredes dos tácteis do queixo, das faces, das vibrissas dos lábios, do ouvido externo, dos supercílios e dos cílios das pálpebras, são bastante espessas, contendo, entre a superfície externa e a interna, alguns vasos capilares e neuroterminais.
A função desses pêlos táteis, que alguns expositores costumam aparar (alguns chegam a arrancar) para exibir seu exemplar bem barbeado e "limpo", por influência da cinofilia americana, na realidade, são verdadeiros órgãos, suas ferramentas de trabalho.
Por exemplo:

- Os do queixo permitem que o cão possa seguir uma trilha de quase um quilômetro sem ralar seu queixo no chão.

- Os das faces, em conjunto com os dos supercílios, bigodes e os do queixo, permitem ao cão saber se, ao enfiar sua cabeça num buraco, poderá retirá-la depois.

Aparar os bigodes é amputá-los, é privar seu cão dessas ferramentas naturais de trabalho.



(Bruno Tausz Etólogo)


As vibrissas do gato, mais conhecidas como "bigode", funcionam como a bengala de uma pessoa deficiente visual. Ou seja, ele tem a função do tato à distância. Outro exemplo: alguns carros apresentam um sensor que apita quando um obstáculo se aproxima. Os bigodinhos felinos têm a mesma função: eles avisam ao gatinho se ele está muito próximo de um objeto.

Quanto mais longos os bigodes, melhor funcionam. Algumas vezes, pode ser necessário cortar o bigode dos gatos, como em cirurgias. Mas isso só deve ser feito por um médico veterinário. E jamais devemos puxá-los, pois eles são extremamente sensíveis.

Cortar as vibrissas do cachorro é tirar-lhe um sentido sensorial.No caso de cães que perdem ou tem deficiência visual eles tem um papel fundamental na orientação destes animais. Evitam que se choquem contra objetos, que mergulhem seu focinho na água, ralem o queixo no chão, em fim,que se machuquem. 

Farmavet

Vejam a seguir o relato do caso( EUA ) :” Wilhelmina era de um Blue Merle Sheltie que tinha apenas quatro anos quando perdeu a maior parte de sua visão. Embora ela ainda pudesse distinguir claro e escuro, sua visão era, provavelmente, o equivalente a ver através de várias camadas de papel vegetal.

Seu proprietário, Bruce, perguntou neuropsicólogo canino Stanley Coren para o conselho em como ajudá-la. "As recomendações incluíam deixando itens de mobiliário em seus mesmos lugares, para que pudesse se orientar na casa, usar perfumes ou materiais texturizados, como tapetes para marcar áreas", lembra Coren em seu livro,como os cães pensam . "Willie adaptou-se bem e ampliava a sua exploração andando em torno da casa ,notavamos as vezes um tropeço ocasional ou colisão que lembrava a família que ela era cega."

Mas então veio o desastre. Ao retornar para casa um dia ,Willie subiu correndo os degraus para ir para a casa e colidiu com o batente da porta. Olhando um pouco angustiada e confusa, começou a desacelerar e se mover muito timidamente ", lembra Coren. "Um pouco mais tarde, quando ela foi beber água, a cabeça realmente não achou a vasilha e ela bateu o nariz no chão."

Seus proprietários ficaram desesperados temendo que ela houvesse sofrido alguma deterioração mental repentina. Na verdade, descobriu-se que no Petshop tinham cortado a barba da Willie, algo que nunca havia sido feito antes, o que a tinha deixado desorientada sem sua importante ferramenta sensorial. Quando eles cresceram de volta, Willie recuperou a capacidade de circular segura em volta de seu mundo para o alívio considerável de seus proprietários”)...

“... Em seu relatório de 1982 "Whisker Corte em Cães Show" Professor Thomas McGill, um psicólogo e criador da Terra Nova, conta a história de um Vizlsa top-winning que sofreu ferimentos faciais quando caçava durante a sua juventude, ele também teve sua vibrissas removidas por competir em exposições. Quando aposentou pode enfim ter seus bigodes crescidos”


Veja algumas declarações de entendidos em cinefilia sobre este assunto:


“...posso dizer que bigodes não devem ser aparados, barbeado ou removidos por razões estéticas e nos casos em que o focinho é tosado para limpeza todo esforço deve ser feito para preservar a vibrissas. Eles são um órgão sensorial com inervação por isso, é razoável supor que sua amputação provoca desconforto. " (Harvey Locke,presidente da Associação Veterinária Britânica)

“Os vibrissas de cães desempenham uma função importante e isso se torna ainda mais importante com a idade do cão e escurece a sua visão. Removendo as vibrissas simplesmente para fazer limpeza do visual para exposição, creio, ser desnecessário e prejudicial para o animal.Infelizmente, criadores,petshops ,poucos parecem estar conscientes disso, e pior ainda, muitos juízes na votação mostra ainda dar preferência a cães que tiveram a sua vibrissas removido”. (Stanley Coren que escreveu o livro “A inteligência do cão”)

 “...no Reino Unido não fazem qualquer referência específica sobre remover ou não os bigodes, mas em dezembro de 2010 o Kennel Club fez uma declaração dizendo não acreditar que qualquer cão deve ter seus bigodes removido por razões puramente estéticas, e também expressando preocupação com a remoção bigode que estava se tornando mais comum em raças de cara limpa. "Como seres humanos estamos tão acostumados com nossas próprias habilidades sensoriais mais limitados que tendem a subestimar as habilidades sensoriais de outras espécies", diz John Burchard.”



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