Nebuloso universo (pequeno mundo) dos Animais - ausência do Estado, empoderamento da sociedade.




Abalo no “eixo”. Uma trama de identidades plurais e inconclusas...

Por Angela Caruso.

Não somos livres para escolher a identidade que melhor nos convier!

 “... as instituições e as coletividades operam na legitimação institucional, cultural e história de certas identidades sociais enquanto outras se tornam ilegítimas, destruídas encarceradas e patologizadas” (Moita Lopes, 2003:21)


É bem verdade que estamos perdendo a noção do risco presente na sociedade, e o sentido mínimo de confiança nas tradicionais instâncias protetoras e normativas como: Estado, Educação, Saúde, Governo e Família. Abandonados às próprias escolhas e a autogestão da vida, desencadeamos a idéia de insegurança e angústia.
http://www.scielo.br/pdf/delta/v20n2/24269.pdf

As mulheres são as vítimas mais suscetíveis! Interessante, não? O trabalho técnico no link acima demonstra algumas situações em que estamos envolvidas, e em grande maioria não damos conta de reconhecer. “Freud em 1918 já afirmara que "a neurose obsessiva se desenvolve com base numa constituição anal sádica". Em outro momento argumenta que "o pensamento obsessivo compulsivo é aquele cuja função está em representar um ato regressivamente" (1909).”

Estranho esse Freud! Amado e odiado, controverso, foi o primeiro a falar em “histeria”, síndrome de Édipo e comportamento sexual, interligado ao desenvolvimento dos comportamentos a uma base de experiências, em geral com mulheres. Vale observar seus métodos e analisar o que avançou na ciência que hoje pode oferecer um pouco mais de qualidade de vida, o que antes não existia.

Daí, você deve estar se perguntando o que pretendo com isto, onde quero chegar, e como os ANIMAIS se enquadram no meu contexto?

Ultimamente, animais e práticas de maus tratos ganharam destaque na mídia e foram alvos dos mais variados comentários, reações e revelações...

Logo, se percebe os desejos inconscientes de cada indivíduo (aqueles que repudiamos e negamos) algumas vezes por exigências morais. Em grande escala, tais desejos valorizam sentimentos agressivos, até homicidas, em relação a pessoas, instituições, família e também aos ANIMAIS. Um sentimento de raiva se une as “catexias” (a raiva que se sente contra uma pessoa, fato ou... é uma catexia ou fixação de energia na representação mental dessa pessoa (e não nela como objeto externo), transverssada também da chamada “catexia narcisística”.

E aí a coisa pega!

O senso moral e social quando o “eixo” está abalado segue no vácuo e nos faz atender as perigosas ordens do “superego”, que parte direto para as transgressões. A trama orquestrada pelo “sofrimento” do próprio “ego” que carrega 97% da essência dos defeitos psicológicos, nutridos permanente e inconscientemente por nós mesmos, nos garante a construção da “falsa imagem do mito da perfeição”, e assim garantido, fazemos do outro o arquétipo do lixo que rejeitamos em nós. Parece complicado?

Vejam a agressividade desenhada em nossa reação frente às agressões cometidas contra os ANIMAIS. Podemos justificar como externalização da angústia ou defesa obsessiva e maníaca? Ou, talvez, uma tendência reparatória de culpa? Qual a diferença?

Ainda, nesta histeria, concorrem (me refiro agora aos titulados defensores e protetores dos animais) os que se somam a indivíduos que buscam triunfar deste “objeto”, negando suas dependências pela sedução e sentimentos onipotentes, que no fundo sombreiam as suas incompletudes.

E os animais?

Os animais estão expostos e prejudicados às mais variadas situações e condições, exceto os que vagam em abandono e os de vida livre, milhões estão sujeitos a viverem ao lado de psicopatas ou sob seus comandos. Pessoas inteligentes, articuladas, autoconfiantes, sem ética, empatia, remorso ou sentido de culpa. Muitos destes vivendo e convivendo nos grupos, nas “redes”, nas cidades. Basta ler o que escrevem e observar como se atrevem a ameaças, se auto-recomendam, e seus juízos são os verdadeiros e justos. Pobres ANIMAIS que por estes vão passar e passam...

Na ausência do Estado, a sociedade vai se empoderando daquilo que entende por “Justiça”, o que claramente declina para a autotutela – justiça com as próprias mãos – prática milenar que ainda se aplica e não raramente resulta em injustiças. Ainda nesta mesma prerrogativa, indivíduos fazem uso do poder doentio da “razão” (a sua, exclusivamente) e passam a ser invasivos, inadequados, teatrais, exagerados...
Pobres ANIMAIS que por estes passam e vão passar...

Há um aceno que preocupa no “universo” das pessoas atreladas a questão animal. Os protetores que mantém animais em espaços residências, sítios, chácaras, abrigos estão enfrentando uma “força tarefa” de salvadores da pátria – Zeus – que direcionam a salvação dos animais. Tal movimento se mostra como um pensamento mítico que está muito ligado à magia e ao desejo de que as coisas aconteçam de um determinado modo. Porém, será bom lembrar que ao opor a razão ao mito, o positivismo empobrece a realidade. Com isto, os pobres ANIMAIS passarão por essa perspectiva coletiva, transgressão das normas, não-obediência das regras, e fatalmente continuarão afetados.

Qual era mesmo a pergunta? Quem cuida ou cuidará dos ANIMAIS melhor que EU?
 
 
Angela Caruso
Jan/17/2012
 

Referências

 
http://psipalavra.blogspot.com/
 
 

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