Ibama diz que suspeito de furtar leão pode ser multado em até R$ 1 milhão

Segundo o Ibama, Rawell não poderia ser doado e nem transportado. (Foto: RPC TV Maringá/Reprodução)
Segundo o Ibama, Rawell não poderia ser doado e nem transportado. (Foto: RPC TV Maringá/Reprodução)
O suspeito de sequestrar o leão Rawell de um criadouro no interior de São Paulo, Ary Marcos Borges, pode ser multado em até R$ 1 milhão por ter permitido a retirada do animal do criadouro dele, em Maringá, no norte do Paraná, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele doou o leão para o médico Oswaldo Garcia Júnior em 2009, mas, sem acordo para tê-lo de volta, arrombou o mantenedouro em Monte Azul Paulista (SP) na quinta-feira (1º) e retomou Rawell.
O homem foi nomeado fiel depositário de Rawell em 2009, pelo próprio Ibama, e, por isso, teria de cuidar do animal e mantê-lo no criadouro em Maringá até que outra ordem fosse dada pela autarquia federal, explica o superintendente do Ibama no Paraná, Jorge Callado. Os documentos de doação e de revogação dela, portanto, não são válidos, conforme o Ibama.
“Não há tutor do leão. O Ary foi nomeado fiel depositário, portanto, ele é o responsável por Rawell legalmente e não poderia ter o doado de jeito algum. Ele não poderia nem ter feito o transporte sem autorização do Ibama. Agora, vamos verificar a situação do animal, fazer uma vistoria no local e analisar toda a documentação. Ele pode ser autuado em até R$ 1 milhão”, afirma Callado.
De acordo com o superintendente, o criador de São Paulo não poderia, em hipótese alguma, criar Rawell sem autorização do Ibama. Callado afirma que Oswaldo Garcia não poderá receber o animal de volta e ainda está sujeito a também ser multado, ao término das investigações.
Borges admite que errou ao doar o animal, mas diz que não se arrepende de ter arrombado o mantenedouro de Monte Azul Paulista para pegá-lo de volta. “Não me arrependo do que fiz. O animal estava num local minúsculo, sem condição alguma para viver bem. Eu sei que estou errado, mas, para o bem do animal, decidi pagar o preço e vou responder por qualquer crime. Eu só salvei uma vida”, defende-se.
O criador paranaense afirma que doou o animal apenas para um readequação de espaço em Maringá, acordada com Oswaldo Garcia. Questionado sobre a possível multa que o Ibama pode gerar, o criador também garante não temer. “Se tiver que multar, pode multar. Eu aceito as consequências. Vou recorrer e tenho certeza que não terei problema para manter o animal comigo”.
O delegado de Monte Azul Paulista, Carlos Arnaldo Nicodemos, responsável pelo caso, afirma que ainda não definiu por qual crime Borges vai responder. Até esta segunda-feira, ele permanecia indicado por furto no inquérito policial, conforme o delegado.
“Estou aguardando a investigação que fizeram em Maringá chegar até mim para prosseguir com a investigação. Por ora, não há motivo para determinar a prisão do suspeito, já que não foi feito flagrante, ele tem residência fixa e se apresentou à polícia”, explica Nicodemos.
A Polícia Civil nomeou no sábado (3) o gerente do criadouro em Maringá, Cleber José de Oliveira, como novo fiel depositário de Rawell. De acordo com o documento, o leão está impedido de deixar o criadouro em Maringá.
O homem também confessou ter ajudado na busca do leão. “Foram feitas várias negociações, mas não teve conversa. O Oswaldo falou que nem Deus tiraria o leão de lá. Ele não tirou com as próprias mãos, mas nos ajudou a tirar”, gaba-se Oliveira. “Sabíamos do risco de buscar o Rawell, mas, graças a Deus, não fomos parados na estrada e conseguimos trazê-lo em segurança”.
Entenda o caso
O leão tem 300 quilos e foi sequeatrado em Monte Azul Paulista (SP) na quinta-feira (1º). Depois foi levado para o criadouro de Ary em Maringá. No sábado (3), um funcionário do local foi preso por desobediência porque não permitiu que os policiais entrassem no criadouro. Ele prestou depoimento na Delegacia de Maringá e foi liberado no mesmo dia.
Segundo o delegado Leandro Roque, o furto do animal ocorreu após uma discussão entre os donos dos criadouros do Paraná e de São Paulo.
Segundo Oswaldo, dono do criadouro em São Paulo, homens arrombaram o portão do centro de reabilitação, abriram a jaula e sequestraram o felino, na quinta-feira (1º). Imagens de câmeras de segurança de uma chácara vizinha mostram uma caminhonete invadindo o criadouro com um objeto parecido com uma jaula na carroceria.
Nas gravações também aparecem dois homens andando pela rua que dá acesso ao local com um objeto que, segundo a polícia, pode ter sido usado para sedá-lo. Os homens saem em marcha a ré e vão embora carregando o felino, ainda conforme a polícia.
Uma perícia feita no local do crime apontou que o leão provavelmente foi dopado e arrastado antes de ser levado.
Fonte: G1

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