A cadela Mischa, de 7 anos, teve a mandíbula atingida por uma hélice depois de correr na frente de um pequeno avião particular. Seus tutores rapidamente levaram o animal ferido ao hospital veterinário da Universidade da Califórnia, em Davis.
Ela teve sorte. Havia apenas um lábio cortado e alguns dentes quebrados – ferimentos relativamente simples em comparação aos muitos outros que os veterinários Boaz Arzi e Frank Verstraete tratam. Segundo informações do The New York Times, os dois são especialistas em reconstrução maxilo facial e cuidam de animais com cabeças partidas, rostos amassados, tumores desfigurantes e mandíbulas deslocadas.
“No passado, muitos desses animais teriam suas mortes induzidas. Nós temos como tratá-los”, disse Verstraete. Agora, animais como ela estão passando por cirurgias reconstrutivas tão sofisticadas quanto as disponíveis na medicina humana: substituições de articulações, enxertos de pele e ossos, reparos de ligamentos e até mesmo cirurgias de nariz – o último recurso para raças de focinho curto, como os pugs e gatos persas.
O fato de que cada vez mais animais estarem passando por cirurgias desse tipo, deriva em parte dos avanços tecnológicos e da crescente presença de especialistas na área veterinária. Também é uma consequência de que os animais estão vivendo por mais tempo. Chegar aos 70 anos, mesmo na idade equivalente canina, aumenta as chances de câncer e outras doenças que exigem tratamento cirúrgico.
Entretanto, os veterinários dizem que o principal motivo é a demanda dos tutores que consideram os animais como membros da família – e estão dispostos a gastar.
Christi Voelker, um consultora da Filadélfia, e o marido gastaram US$ 15 mil em uma série de cirurgias para tratar um câncer de rosto do qual sofre Ace, seu cão de 7 anos. “O Ace é basicamente nosso filho e, por isso, decidimos cuidar dele”, disse Voelker, de 29 anos.
O cachorro da família tinha um tumor logo abaixo do olho. Como se trata de um tipo de tumor invasivo, John R. Lewis, veterinário da Universidade da Pensilvânia, retirou o tecido de grande parte da bochecha e do maxilar do animal para se certificar de que todas as células cancerígenas tinham sido removidas.
Em seguida, John extraiu uma porção de pele do pescoço de Ace e a usou para cobrir o buraco que tinha sido criado. Foi necessária uma segunda cirurgia para fechar uma grande ferida no céu da boca do animal. Agora, 17 meses depois, a única marca da cirurgia realizada é a mudança na direção do crescimento do pelo do seu rosto: ele agora cresce em direção aos olhos, e não para baixo.
Outro caso surpreendente foi a de uma cadela de um vilarejo nas Filipinas que sofreu uma lesão ao se jogar em uma motocicleta que estava prestes a atropelar a sobrinha e filha de seu tutor. Em 2011, Kabang salvou as meninas, mas a moto arrancou seu focinho superior, deixando um buraco do tamanho de um punho no centro de seu rosto. O ato de heroísmo foi manchete no mundo inteiro e ela foi levada para a Universidade da Califórnia para a cirurgia reconstrutiva, com a ajuda de uma campanha que arrecadou mais de US$ 20 mil.
Em uma complicada operação de cinco horas, os cirurgiões puxaram retalhos de pele da parte superior e dos lados de sua cabeça para fechar a ferida e formaram dois buracos que funcionam como narinas. Ela tem a aparência estranha, mas “os cães não se olham no espelho”, disse Verstraete.
A tecnologia avançou, mas os veterinários submetem os animais a estes procedimentos complicados e dolorosos somente se houver grande chance de sucesso. Cada caso tem suas particularidades e são estudados e analisados minuciosamente.
Relembre o caso de Kabang:
ANDA
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