Olá AUmigos, só queremos “bater um papinho”.
Obrigado por ceder um pouquinho de seu valioso tempo. Queremos falar sobre nossa comunidade animal no Quintal de São Francisco. Chamamos a comunidade de família por nos sentirmos irmãos, não porque tivemos os mesmos pais, mas, talvez, por sermos todos da mesma origem. Laços de amizade e de amor nos unem a cada dia, afinal vivemos no coletivo. Hoje, somos 124 cães e 32 gatos.
Muitos de nós chegamos no Quintal de São Francisco adultos, e isto significa que em algum lugar nascemos e vivemos algum tempo. Outros chegaram filhotinhos, com mãe ou sem, alguns adolescentes...
Infelizmente, fomos “dispensados” - esta é a palavra - por inúmeros motivos que perpassam pela indiferença, descaso e falta de amor.
E então, abandonados, desprezados, excluídos acabamos doentes, prenhes, machucados, desnutridos, sarnentos, com fome, frio, solidão e dor. As ruas são frias e assustadoras. Por vezes pode até ser legal, a gente brinca, corre, encontra comida e uma mão carinhosa, porém na maior parte do tempo as horas são longas, solitárias e sofridas.
Chegar ao abrigo do Quintal de São Francisco e receber os cuidados que aliviaram a dor, a fome e ausentaram o medo, nos fizeram, a muitos de nós, sentir que nascíamos novamente.
Pois bem, uma vez salvos fomos morar em comunidade, o que não é nada fácil. Vida coletiva, tudo socializado! Tratamento igual, a mesma comida e os mesmos cuidados, sem privilégios, exceto para os bebês e muito idosos. Precisa ser diferente mesmo, os mais velhos costumam perder os dentes, ficam irritados e sentem mais frio. Idosos e bebê são todos iguais!
Nossas cuidadoras acham que o abrigo não é bom para nós, vão mesmo fechar, e se esforçam muito para sermos recolocados em famílias humanas, mesmo separados, um em cada lar. Outro problema que precisamos vencer, pois vivemos tempo demais coletivamente entre os iguais...
Mas, é assim que elas acreditam que seremos felizes e estaremos seguros. Nós compreendemos essa angústia e compartilhamos dela. Já foi diferente um dia... Hoje, elas sentem medo que alguma coisa séria aconteça impedindo que cumpram dignamente o pacto assumido conosco no momento em que nos recolheram.
Pensando assim, certamente concordamos com elas, e confessamos nosso desejo de acolhimento, poder dormir ao lado de quem nos ama, passear, brincar no jardim, tomar banho no Petshop, receber abraços e elogios, ter uma cama quentinha e brinquedos.
Queremos confessar que mesmo vivendo no coletivo estamos bem e somos gratos a elas por salvarem cada um de nós e cuidarem de nossa saúde até hoje. Os AUmigos que já se foram do Quintal, adotados por famílias ou por Deus, acreditamos que sentiam da mesma forma.
Agora, o mais importante é termos uma certeza: jamais seremos abandonados acaso não formos contemplados com um lar. Elas, nossas cuidadoras, se desdobrarão para não nos decepcionarmos.
Então, por sermos uma turma esperta sabemos que todos vocês são AUmigos do Quintal de São Francisco e ajudam nossas cuidadoras a nos ajudarem. Por isso agradecemos em nome de nossos pêlos coloridos (é certo que impera o preto), tudo bem, afinal, é assim que somos, vira-latas com muita honra!
Ah! Elas estão numa campanha de cobertores para este inverno e também precisam cumprir compromissos financeiros. Nada entendemos de $$, mas a despesa é grande por aqui, basta ver os números no site www.quintaldesaofrancisco.org.br e conferir que tudo AUmenta neste país...
Agradecemos muito pela atenção e recebam cheiros de nossos focinhos molhados.
